Prólogo: A Fundação de Uma Nova Era
Rune-Midgard...

Morada suprema e imaculada dos mortais, santuário dos grandes reis e rainhas, heróis e sábios. Uma terra cheia de mistérios e lendas na qual a magia e o sobrenatural caminham lado a lado com o corte da espada e o zumbir da flecha. Terra perdida e encontrada, de mercenários, nobres, religiosos e monstros; palco das maiores criações e também das maiores atrocidades.

Rune-Midgard é nada mais que o reflexo do ímpeto do Homem. A marca deixada pela imperfeição do ser humano em um mundo vasto e singular. Mas nem sempre fora assim...

Rune-Midgard nem sempre fora exclusiva dos mortais. Não. Nos tempos antigos, cujos registros tendem a perder-se, cedendo ao esquecimento e à podridão, Rune-Midgard - ou apenas Midgard, como era chamada – costumava abrigar das mais diversas criaturas. Dessas criaturas, saltam aos olhos as grandes raças que regiam a casta nobre do continente.

Os Elfos, majestosos e graciosos como a leve brisa da manhã, ainda que tão poderosos e frios quanto as ferozes geadas de inverno. Figuras encantadas e imortais, conhecedores supremos das magias antigas e das artes arcanas, além de dedicados amantes da Natureza e de todas as coisas vivas.

Os Anões, imponentes e hábeis, sempre ocultos em suas cavernas, ocupados a trabalhar.
Pequenos na estatura, grandes nos seus feitos. Mestres da mineração e da criação de armas, bem como da manipulação da pedra e do machado. Os maiores construtores que Midgard já conheceu e jamais conhecerá.

Os Espectros, criaturas malignas cujos corpos já se perderam há muito tempo. São apenas manifestações de almas amaldiçoadas, clamando por vingança ou qualquer coisa que valha. Entidades que, muito embora não possuam um corpo material, têm a capacidade de manipular e encantar outros seres para seus fins certamente maliciosos e egoístas, podendo assim existir eternamente.

E, por fim, o Homem. Simples e imperfeito, sempre buscando o que lhe falta e nunca satisfeito com o que possuí. Naquela época o Homem era uma raça esquecida, ignorada: como tinha de ser. E essa insignificância do Homem nada fez sequer aumentar o desejo do mortal pelo poder.

O Homem queria ministrar a magia dos Elfos, dominar a técnica dos Anões e - o mais insensato - aprender as formas de manipulação dos Espectros, para, finalmente, subjugar a morte. Sim, pois afinal, a morte era o maior empecilho para os mortais. Diferentemente dos Elfos, cujas vidas se prolongavam pela eternidade, dos Anões que viviam longos e longos anos a fio e dos Espectros, que nem poderiam ser tidos como seres vivos. Os Homens eram os únicos realmente sujeitos à morte - que na maioria das vezes chegava rápido, com o auxilio das doenças e batalhas, e, para se verem livres dessa maior inimiga, não mediriam esforços.

Sensibilizados pela fraqueza humana, as duas raças mais nobres decidiram ceder o controle de Midgard para as pobres criaturas. Os Elfos, cuja curiosidade e interesse pelo desconhecido já eram tradição, optaram por deixar aquela terra e navegar através dos mares, em busca de um novo mundo. Os Anões, bem como lhes convinha, decidiram mergulhar ainda mais fundo na terra, prolongando seus túneis até que sumissem completamente.

Mas isso não foi tudo. Num último ato de generosidade, as duas grandes raças presentearam a humanidade com suas principais cidades. Eram elas: Geffenia, a capital arcana dos Elfos, construída sob um solo encantado e protegida por feitiços poderosos; Prontera, reino de pedra dos Anões, a maior das construções daquela terra, feita meticulosamente, uma cidade fortificada com muralhas sólidas e resistentes e provida também de construções e uma enorme riqueza oculta em seus túneis subterrâneos.

Maravilhados e infinitamente gratos, os ingênuos humanos depositaram naquela nova Era todas suas esperanças e desejos. Decidiram ainda, para garantir seu domínio, renomear aquele mundo vasto. Daí nasceu Rune-Midgard, das cinzas de Midgard surgiu o novo lar dos mortais.

Mas, ao mesmo tempo que os ventos pareciam mudar e a sorte da raça humana indicava prosperidade, outros seres prenunciaram naquela situação a sua própria glória. Os obscuros Espectros, na sua maioria intimidados pela rápida ascensão humana, preferiram migrar de volta para o Vale dos Mortos, a cidade fantasma conhecida como Niflheim. No entanto, a pequena minoria que optou por ficar vislumbrava o futuro com olhos visionários – e maléficos.

Cientes da eterna busca humana pela imortalidade e também da fraqueza de espírito daquela raça, esse pequeno grupo de Espectros decidiu se esconder, dispersando-se pelo reino humano, exercendo suas influências malignas e semeando – pouco a pouco – as sementes do caos por toda Rune-Midgard. Nasceram dessas ocasiões os ladrões, mercenários, assassinos e todos aqueles humanos que tendiam ao lado mais maligno de ser.

Mas o desenvolvimento do Homem não seria freado tão facilmente.
Uma nova civilização surgia. Prontera havia sido escolhida como a capital do reino, pois comportava o mais deslumbrante castelo jamais visto. Naquele castelo, vivia o recém-nomeado rei Tristan, sua família e sua corte. Geffenia tornou-se Geffen, uma vez reconstruída após um terrível acidente. A cidade élfica fora devastada por um grupo de magos que enlouqueceram com o poder, alguns acusam os Espectros como atuantes, mas ninguém jamais foi capaz de comprovar nada.

Novas cidades foram surgindo, e Rune-Midgard já era agora uma terra mais organizada e povoada. Payon, a cidade dos arqueiros, surgiu em meio à floresta, construída por aqueles humanos que vinham de linhagens misturadas às dos Elfos. Alberta, a cidade portuária, foi construída pelos vorazes ferreiros e comerciantes, praticantes fiéis do novo sistema que dominava aquele lugar: o mercantilismo. Cômodo, Izlude,Aldebaran... A expansão humana era notável e novas cidades eram criadas ao passo que a população crescia desenfreadamente. O continente era cada vez mais explorado, de leste a oeste, de norte ao sul. A determinação humana pelo domínio parecia não medir limites, bem como a sede de poder que era, ao que tudo indicava, insaciável.

Seguidas das cidades, passam a surgir as Guildas, instituições cujos objetivos visavam a formação da população em áreas específicas. Essas áreas são também as chamadas classes: Espadachins, Magos, Noviços, Mercadores, Arqueiros e Gatunos, cada qual com suas especialidades. As Guildas tinham como obrigação testar jovens aprendizes e formá-los em alguma dessas profissões, no entanto, cabia ao próprio aluno decidir qual seria seu futuro.

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Nossa história tem seu início nas areias sem fim do deserto de Sograt. Uma região seca e quente, repleta de formas de vida das mais peculiares. Localizado ao sul de Prontera, o deserto de extensão inigualável tecia seu manto marrom claro até o horizonte, motivo pelo qual eram poucos os aventureiros corajosos o suficiente para desafiar aquele lugar esquecido e desolado. Como de costume, surgem aqueles que fogem à regra e ousam explorar o desconhecido. Esses mesmos desbravadores foram os fundadores daquele pequeno centro comercial, ali, no meio do deserto. Esse ponto de troca de mercadorias e suprimentos acabou batizado como Morroc, e, pouco à pouco, foi expandindo-se. Pessoas passavam a povoar aquele local antes esquecido, montavam suas casas e tendas, plantavam seus grãos e vegetais... Morroc conhecia o destino de qualquer jovem cidade, o expansionismo chegara também ao deserto, e numa velocidade impressionante, mas mal sabiam eles que aquilo era apenas o começo...



 

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